Barbosa vai à Alemanha para tratamento e mensalão deve terminar em duas semanas

Barbosa vai à Alemanha para tratamento e mensalão deve terminar em duas semanas

 

Quarta, 17 de outubro de 2012
 
Após quase três meses de duração, o julgamento da ação penal do mensalão já tem previsão para terminar. No próximo dia 29 de outubro, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, embarca para Dusseldorf, na Alemanha, para um tratamento de saúde. Apesar de não confirmarem oficialmente o fim do julgamento, integrantes da Corte acreditam que a conclusão deve ocorrer até a sessão marcada para o dia 25 de outubro.
 
Barbosa sofre de sacroileíte, uma doença inflamatória na articulação do sacro, na base da coluna, com o quadril e que gera dor e desconforto. Durante as sessões de julgamento, o ministro reveza ao menos três cadeiras no plenário, sem contar as inúmeras vezes em que pronuncia seus votos de pé, na tentativa de aplacar as dores insuportáveis.
 
Curiosamente, o destino de Barbosa na Alemanha foi citado várias vezes por ele na sessão de ontem do mensalão. Dusseldorf é o nome da empresa aberta pelo publicitário Duda Mendonça nas Bahamas e cuja conta, no Bank Boston de Miami, recebeu R$ 10,8 milhões do esquema do valerioduto. Duda e sua sócia, Zilmar Fernandes, foram absolvidos das acusações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
 
Até agora, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) concluíram cinco dos sete capítulos da denúncia. Na sessão desta quarta-feira, eles deverão finalizar a análise do capítulo 7, que trata dos saques efetuados por políticos e assessores ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT). Faltam os votos dos ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e Ayres Britto. Com o fim desta fatia, o STF passará a analisar o último item, sobre formação de quadrilha, no qual constam 13 réus, entre eles José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.
 
Antes do início da sessão das turmas, nesta terça-feira, o ministro Ricardo Lewandowski disse acreditar que o julgamento deve terminar antes mesmo da viagem de Joaquim Barbosa. Para o revisor do mensalão, que afirmou que não deve consumir nem metade de uma sessão para ler seu voto sobre formação de quadrilha, o processo deverá ser encerrado dentro das próximas duas semanas.
 
"Eu penso que nas próximas duas semanas, nesta e na outra, esse processo deve estar terminado, com dosimetria também. Dosimetria não é um problema muito sério, qualquer juiz com um mínimo de experiência faz isso", disse o ministro, lembrando que ainda falta definir o tempo de prisão de cada um dos 25 condenados até o momento.
 
O mensalão do PT
 
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
 
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
 
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
 
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
 
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
 
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
 
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
 
A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Da Redação com Terra



Editor Paolloh Oliver